sábado, dezembro 27, 2003

THE PEOPLE THAT YOU NEVER GET TO LOVE

(Rupert Holmes)

You're browsing through a second hand bookstore
And you see her in non-fiction V through Y
She looks up from World War Two
And then you catch her catching you catching her eye.
And you quickly turn away your wishful stare
And take a sudden interest in your shoes
If you only had the courage, but you don't
She turns and leaves and you both lose.

And you think about
The people that you never get to love.
It's not as if you even have the chance.
So many worth a second life
But rarely do you get a second glance
Until fate cuts in on your dance.

And you'll see her on a train that you've just missed.
At a bus stop where your bus will never stop.
Or in a passing Buick when you've been pulled over by a traffic cop.
Or you'll share an elevator, just you two
And you'll rise in solemn silence to your floor.
Like the fool you are you get off
And she leaves your life behind a closing door.

And you think about
The people that you never get to love
The poem you intended to begin
The saddest words that anyone has ever said
Are "Lord what might have been"
But no one said you get to win.

Still you're never gonna miss what you don't know
And you don't know who you'll meet at half past three
It could be a total stranger who looks something just exactly much like me.

One of the people that you never get to love
One of the people that you never get to love
The people that you never get to love.



“Descobri uma música, melhor dizendo, ouvi-a de forma diferente, e senti-me levada por ela.
Um jazz bem íntimo, um poema bonito e uma empatia muito grande.
Acho que pelo menos durante algum tempo será a minha música.
"The people that you never get to love" Susannah McCorkle
Fala daqueles com quem nos cruzamos, mas que nunca chegamos a conhecer, nunca chegamos a amar.
Ligações fortes e efémeras como o cruzar de um olhar, um sorriso, um sonho.
Como as palavras que se trocam, confidencias, partilhas, como as almas que se tocam à distância que a tecnologia nos permite.
Acho que a música e o sol me puseram assim, sonhadora, sensível... querendo abarcar o mundo todo.”

5-12-2002


Quantas vezes conseguimos fazer a reconstituição do que foram momentos e disposições da nossa vida em função de determinadas músicas, escutadas na altura, e que quando recordadas têm o dom de nos transportar no tempo, literalmente, com todos os pequenos detalhes.
Lembro-me que a primeira vez que escutei com atenção a letra desta música estava no carro, num dia de Outono frio, mas solarengo, parada no parque de convidados da FEUP.
Já tinha escutado a música antes, mas sempre com a cabeça ocupada por muitas outras coisas, de tal forma que a letra era algo que servia unicamente de suporte à melodia. O cérebro não se dava ao trabalho de descodificar os sons em palavras e as palavras em sentidos.
Nesse dia, talvez porque estava a fazer horas para que a conferência fosse reiniciada, ou talvez porque o sol que batia no carro e aquecia o interior convidasse a ouvir, a escutar, a esvaziar a cabeça e a sentir, talvez por isso tudo, ou por qualquer outra coisa, apercebi-me da letra.
Nesse dia essa mesma música foi escutada repetidamente até que a letra já era sabida quase de cor.
E a primeira impressão, passada para o bloco de apontamentos que carregava na altura, revelou-se correcta, foi efectivamente a minha música durante muito tempo.
Hoje? Continuo a adorar a música, mas o toque é já diferente, eu estou diferente, passou um ano e como se costuma dizer, muita água debaixo da ponte.
Acho que passou um oceano inteiro nesta ponte de um ano de comprimento.


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