sexta-feira, dezembro 26, 2003

Para lá do Natal

Depois de uma pausa programada no blog, (ao contrário de todas as anteriores que sempre foram constatadas à posteriori), retomar a actividade parece quase um segundo nascimento.
Acho que deve ser da quadra esta sensação de que tudo na natureza começa novos ciclos.
Foi o Inverno que começou há poucos dias, o Natal que celebra o nascimento de um menino, de uma religião, de uma forma de estar na vida, o novo ano que se avizinha.
Novos propósitos que se assumem, desejos efectivos de mudança, novas aquisições…

Passei parte da tarde passeando de blog em blog, pensando que queria escrever algo, mas ao mesmo tempo, deixando pela metade tudo o que iniciava, porque achava que este post não deveria ser só mais um post. E assim continuei no meu passeio por blogs, percorrendo os meus links, e os links dos meus links, como quem percorre com os dedos os galhos de uma árvore, os braços até aos dedos da mão.

Alguns blogs começam a retomar a actividade, outros mantém-se em descanso natalício. Há quem não tenha tido direito a descanso nesta quadra e tenha aproveitado pausas de trabalho para mais um post, há os que não resistiram ao afastamento e madrugada dentro, ainda ao som das vozes em conversas de família, tenham ligado o computador para uma pequena espreitadela e comentário.
As vezes temos a sensação que a verdadeira vida não é a que se passa lá fora, mas a que se passa dentro deste mundo, desta comunidade em que a comunicação é pedra de toque.
Quantas vezes, quando por necessidade ou vontade, passo um dia ser ver o e-mail, sem entrar na net, sem fazer as visitas habituais aos blogs, sem comentar nem ler comentários, sinto que ando vendada, sinto que fiquei encerrada em casa, de janelas fechadas e cortinas corridas enquanto a vida decorria lá fora. Mas lá fora andei eu o dia todo, e contudo sinto falta da vida que decorre neste mundo de impulsos eléctricos. Sinto falta, mas mais do que falta é a curiosidade, é a vontade de ser surpreendia por algo. Uma mensagem, um texto, uma foto, um pensamento …

Uma surpresa bem gostosa foi este texto do Pedro, do outro lado do Natal
Foi ao lê-lo que decidi que já era hora de voltar a escrever, porque precisava de dizer o quanto apreciei a estória. Ás vezes nem sei explicar porque é que determinadas coisas tocam de forma especial algo que tenho dentro de mim, só sei que este conto está cheio delas.

Nesta altura Caetano Veloso canta:
“Navegar é preciso, viver não é preciso.”
Parece quase brincadeira de palavras com tudo o que estava a escrever.

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