domingo, julho 13, 2003

A razão do nome

Qual razão do nome que me deste, indaguei eu agora.

“Eu sei que o teu nome promete, mas temo que não consigas viver à altura das expectativas por ele criadas. Não te estou a adivinhar amargo, critico, corrosivo, como alguém que se sente desencantado e defraudado pela vida.
Mesmo que a vida te desencante, mesmo que te desiluda, mesmo que em algum momento o palavrão aflore os teus lábios, vais retê-lo, vais pensar, reflectir e acho que ele irá perder a força, e quando partir da tua boca será já inaudível.
Não que a vida não te trate mal, trata a todos, não serás excepção, mas não me pareces do tipo que se revolta, também não do tipo que se acomoda, que se resigna à triste sina, mas do tipo que acha que existem sempre outras formas de encarar as situações, existem sempre janelas que se abrem quando as portas estão trancadas.
Puta de vida te chamei e nem especialmente amarga estava nesse dia, acho que foi mesmo pela diversão, pelo impacto ... pela forma e não pelo conteúdo.”

A vida é uma meretriz que se vende a quem por ela paga. E todos acabamos, de uma forma ou de outra, pagando por ela e recebendo um serviço que pode ou não atingir os padrões esperados. Nada é simplesmente oferecido, algumas vezes o custo é suave e doce como o mel, e nem o sentimos como um pagamento, outras vezes é sofrido, retirado a ferros e parece que somos nós próprios que vamos com ele.
Da minha curta existência já sei que o sol não nasce todos os dias da mesma forma, à mesma hora e trazendo o mesmo calor.
Hoje estou particularmente melancólico, a névoa que cobre o céu cobre também o meu coração, a minha mente. Sinto a falta do brilho, sinto a falta da cor, sinto a falta do calor que emana. E então recordo... recordo outros dias, em que um sol intenso brilhava, em que a pele dourava na sua presença, em que a leveza imperava, em que as cores tinham forças expressivas e deixo-me levar nas recordações, vogando levemente na memória e sinto-me de novo feliz, repleto de energia.
Acho que era disto que falavas quando me contavas de portas trancadas e janelas abertas ... que se não nos deixarmos apanhar pelas situações mais facilmente iremos reagir e ultrapassar.

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